Consulados mandam evitar favelas e Lapa durante a Copa
As quatro maiores torcidas de futebol que virão para a Copa já estão sendo advertidas por autoridades de seus países sobre os prováveis riscos que poderão se deparar no Brasil
MARIA LUISA BARROS
Rio - A quase um mês do início da Copa do Mundo, torcedores de todos os cantos do planeta se preparam para assistir aos jogos no Brasil e ver a bola rolar em campo. Fora dos gramados, a preocupação é outra: garantir a segurança de atletas e cidadãos comuns que estarão no Rio de Janeiro durante as competições esportivas. As quatro maiores torcidas de futebol que virão para a Copa — americana, argentina, alemã e inglesa — já estão sendo advertidas por autoridades de seus países sobre os prováveis riscos e ameaças que poderão se deparar no país do futebol. No caso do Rio, a cidade surge como uma selva onde, a qualquer momento, turistas serão reféns de assaltantes, sequestradores e estupradores.
Embaixadas alertam seus cidadãos sobre riscos no Brasil
Foto: Divulgação
Consulados dos Estados Unidos, da Argentina, da Alemanha e da Inglaterra já saíram em campo emitindo cartillhas de segurança que alertam para os perigos à solta nas ruas da Cidade Maravilhosa. Os manuais de sobrevivência dos gringos colocam a violência no topo do ranking dos temores estrangeiros. Nem a menina dos olhos do governo estadual, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), escapa do relatório de cuidados.
O maior impedimento para os americanos são os passeios de jipe por favelas cariocas. Os viajantes estão sendo aconselhados a ter cautela ao entrar em comunidades pacificadas. “A capacidade de polícia para prestar assistência, especialmente à noite, pode ser limitada. Esteja ciente de que nem a empresa de turismo nem a polícia da cidade podem garantir a sua segurança”, diz o comunicado oficial da embaixada americana.
Daniela Wolf, de 26 anos, viu os protestos na TV alemã: “Mas tenho visto muitos policiais nas ruas”
Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Os hermanos argentinos estão sendo advertidos a “tomar especial atenção, na Lapa, tradicional reduto da boemia carioca, onde segundo as autoridades os ‘arrebatadores pululam’.” Nossos vizinhos devem redobrar os cuidados para não cair no golpe do ‘Boa Noite Cinderela’ e não alugar apartamentos pela internet, através de blogs, mas só em imobiliárias.
O consulado da Alemanha sugere aos seus cidadãos incorporar um jeitinho carioca: o troco para o assaltante. No comunicado, os alemães dizem ser “aconselhável levar uma quantia de dinheiro para a rendição voluntária”, diz o alerta.
Os americanos chamam a atenção para os assaltos e roubos de carros, em cruzamentos e especialmente à noite. “No Rio de Janeiro , os motoristas devem estar atentos especialmente em sinais de trânsito e quando preso no trânsito. Incidentes de crime em transporte público são frequentes, e às vezes têm envolvido crimes violentos. Quando viajar de táxis amarelos , use apenas os que exibem abertamente informações e números de telefone da empresa, bem como placas vermelhas”, completa.
Turistas também são alertados a não utilizar vans públicas. A advertência confirma que o estupro de uma jovem americana, em abril do ano passado, não foi esquecido pelo governo dos EUA. Para os ingleses, o perigo está no copo e na estrada. Em nota, o consulado britânico recomenda a seus cidadãos a viajar em grupo, só usar táxi de cooperativa, não aceitar bebidas de estranhos e ter muita atenção à lei seca e às más condições das estradas. A violência e os riscos no trânsito não são as únicas ameaças. Todos os estrangeiros estão sendo orientados sobre as recorrentes epidemias de dengue na cidade. As cartilhas recomendam o uso de repelente contra os mosquitos que transmitem a doença.
Os hermanos argentinos estão sendo advertidos a “tomar especial atenção, na Lapa, tradicional reduto da boemia carioca, onde segundo as autoridades os ‘arrebatadores pulam’
Foto: Divulgação
Estrangeiros relativizam perigos em comparação a seus países e AL
Relatórios feitos para orientar os cidadãos estrangeiros são direcionados às grandes agências de turismo do país e viajantes que compram pacotes de férias. Os alertas aos turistas, porém, ainda não chegaram aos ouvidos de quem já desembarcou em terras cariocas. Visitando o Maracanã, as inglesas Lana Higgins, de 22 anos, e Stephanie Hanratty, 21, revelaram não saber das advertências de seu país. Apesar da imagem desoladora do Brasil passada pelos consulados, elas comentaram que sentem-se seguras no Rio.
“No albergue em que estamos, avisaram para andar com a bolsa junto ao corpo, mas isso acontece em qualquer país. Pessoas são assaltadas na Inglaterra todo dia também”, minimizou Stephanie.
A opinião é compartilhada por outra turista. Alemã de 26 anos, Daniela Wolf contou que chegou ao Brasil com medo, mas encontrou uma realidade diferente da divulgada em seu país. “As televisões da Alemanha têm falado muito das favelas e dos protestos aqui, mas tenho visto muitos policiais nas ruas. Estou viajando pela América do Sul e o clima é o mesmo das outras cidades”, garantiu.
Consulados estrangeiros afirmam que os alertas são um procedimento padrão por ocasião de grandes eventos que têm a finalidade de proteger atletas, executivos e torcedores de seus países. Para os cariocas, a cartilha oferece um retrato desolador e que não contribui em nada para a imagem que a cidade gostaria de transmitir para turistas do mundo todo.
Há cerca dez anos o carnaval de Rua do Rio começou a ganhar destaque na mídia do Brasil e do mundo inteiro.Bom, apesar dos milhões de foliões que lotam nossas ruas durante os dias de folia, não saberem que o movimento de retomada do carnaval de rua do Rio foi espontâneo e promovido por cariocas cansados de carnavais chatos, de outros lugares. Na década de 90, foliões começaram a dá gás novamente nos blocos. Tudo era uma novidade, muita simpatia e alegria, hoje, o que vemos é que o carnaval de rua do Rio começa a dá sinais de fraqueza. A folia está cada vez mais engessada e enlatada por empresas de cervejas, de telefonia e gravadoras que dão as cartas nos blocos. Carnaval que Beatles tem mais destaque do que Bafo da Onça e Cacique de Ramos tem que ser repensado novamente. Salve os garis !
Paralisação faz empresário 'virar' gari no Centro do Rio
Dono de bar usa a vassoura para abrir caminho para que clientes passem
BEATRIZ INHUDES
Sérgio Paiva teve uma tarefa a mais no domingo pela manhã: limpar a calçada
Foto: José Pedro Monteiro / Agência O Dia
Rio - Em alguns pontos da Lapa, neste domingo, eram os empregados de bares que trabalhavam para limpar as calçadas em frente às lojas. No caso do Bar da Cachaça, o próprio dono, Sérgio Camelo Paiva, colocou a mão na massa. “Em pleno Carnaval, é horrível ver esse lixo. O pior é que vem os moradores de rua, rasgam os sacos de lixo, e a sujeira fica ainda maior”, disse Paiva.
Empregado do Bar Improviso, também na Lapa, Renan Bezerra de Souza era outro que limpava a frente da loja. Ele contou que foi preciso contratar um carreto para levar o lixo recolhido. “Não tem nem como as pessoas passarem pela calçada. É até perigoso”, disse.
A Comlurb informou que, no sábado, foram recolhidas 21 toneladas de resíduos na Sapucaí e outras seis toneladas em ruas de acesso ao Sambódromo. E alegou que a limpeza após a passagem dos blocos está sofrendo atrasos por causa do grande número de pessoas e que seu trabalho só pode ser concluído após a dispersão dos foliões. Manhã de Carnaval nas ruas do Centro do Rio é um lixo só
As principais ruas do Centro do Rio, como as da Lapa e as próximas à Cinelândia e à Central do Brasil, além da Avenida Rio Branco e de todo o entorno do Sambódromo, amanheceram neste domingo tomadas por lixo. O problema era verificado em vários pontos da Zona Norte onde houve bailes populares ou desfiles de blocos no sábado.
O cenário de sujeira e o mau cheiro incomodaram pedestres e motoristas em vários pontos da cidade. Na Central do Brasil, quem saía da gare era obrigado a passar pelos detritos para seguir em direção da Avenida Presidente Vargas.
Na Cinelândia, cartão-portal da cidade, restos da noite anterior misturavam-se no mesmo cenário à Câmara de Vereadores, ao Teatro Municipal, à Biblioteca Nacional. No meio da manhã, não havia nenhum gari trabalhando, mas havia muito lixo.
Ao lado dos Arcos da Lapa, a única referência ao poder público municipal era o símbolo da prefeitura estampando em quiosques de venda de bebidas. No entorno deles, sujeira por todos os lados. E nenhum gari.
Nas principais ruas da Lapa, entre elas a Avenida Mem de Sá e as ruas do Riachuelo, do Lavradio e Gomes Freire, pedestres tinham dificuldade para andar pelas calçadas. Em vários pontos, eram obrigados a passar pela rua, para desviar dos montes de lixo.
Em greve, trabalhadores fizeram passeata pela Avenida Presidente Vargas após protesto na Cidade Nova
Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Greve de garis mantida
E a sujeira nas ruas da cidade deve piorar nesta segunda-feira, já que os garis votaram pela continuidade da greve, iniciada na noite de sexta-feira. Segundo a categoria, cerca de 60% dos trabalhadores estão de braços cruzados.
A decisão de manter a paralisação foi tomada ontem, antes de uma manifestação que reuniu aproximadamente 100 funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) em frente à prefeitura, na Cidade Nova. De lá, os trabalhadores seguiram até a Candelária, carregando faixas e cartazes e cantando músicas no ritmo do Carnaval. A que mais empolgava o grupo dizia “Êêêêê... Nesse Carnaval, o prefeito vai varrer. Sozinho!”.
A sujeira tomou conta da cidade no primeiro Carnaval após a Prefeitura estipular multas para quem fosse pego jogando lixo nas ruas.
E a situação deve piorar hoje. De acordo com o gari Robson da Conceição Vitória, um dos líderes do movimento, a categoria não volta a trabalhar enquanto suas reivindicações não forem atendidas. “Queremos que nosso piso passe de R$ 800 para R$ 1.200. Também reivindicamos insalubridade e 100% de hora extra aos sábados, domingos e feriados. Isso serve também para os vigias e auxiliares de serviços gerais”, disse Robson.
Pedem ainda o aumento no valor do tíquete-refeição e participação nos lucros da empresa. Outra manifestação está marcada para o início da manhã desta segunda-feira, logo após os desfiles na Sapucaí, em frente à Central. Comlurb alega que greve é ilegal
Em nota divulgada neste domingo, a Comlurb classificou como ilegal a greve de seus empregados e informou que “mobilizou equipes para contornar o problema” do lixo.
No texto, a Companhia alega que “mantém sua rotina especial de limpeza programada para o período de Carnaval”. Mas reconhece que “alguns pontos da cidade sofreram interferência de membros de um grupo de grevistas”, que, segundo a empresa, “não tem representatividade nem ligação com sindicato reconhecido da categoria”.
Além disso, a nota da Comlurb informa que o movimento foi considerado ilegal pela Justiça do Trabalho. Mas reitera que a Companhia está em negociação com o sindicato da categoria, “como faz anualmente no período do acordo coletivo”.